segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Los Alerces

Dia 21 de janeiro, sábado
Café da manhã numa lanchonete, com paninis e waffles de frutas.Segundo a oficina de turismo, no inverno passado não nevou na região, o que impediu o funcionamento de algumas atrações turísticas. Passamos no supermercado La Anonima para fazer um rancho e seguir ao P. N. Los Alerces, uma das principais atrações de nossa viagem. Compramos água, sucos, carne, saladas, leite, uvas, vinho, fiambres para sanduíches. A estrada de Esquel até o parque sobe e desvenda paisagens arborizadas de bosques e montanhas. Depois de 45km estávamos na entrada do parque, onde pagamos 130 pesos por pessoa para ingressar e alguns quilômetros depois chegamos ao Centro de Visitantes, muito bonito e organizado, numa construção grande, que é do estilo de cabana de toras de madeira e pedras, uma arquitetura recorrente na região dos lagos patagônicos. Depois de sabermos sobre os campings com disponibilidade, das melhores atrações e das trilhas, pegamos a estrada principal que cruza o parque, empoeirada e bem movimentada já que estamos num sábado. Tentamos inicialmente  o camping Bahia Rosales que tinha 2 lugares para barracas, mas que não gostamos muito. Seguimos até o camping Laguna Verde, que dispunha de vagas, apesar de poucas, nas duas modalidades de campings: o "agreste" e o "organizado", que na verdade, tem pouca diferença entre si, mas preferimos ficar no organizado, que dispunha de luz e água quente por mais tempo, além de ter grelha na churrasqueira e um bom espaço num bosque lindo, muito bem organizado, na beira do Lago Verde. O camping é muito bonito e tem uma ocupação bem grande. O espaço para cada acampamento é grande, possibilitando colocar várias barracas e ainda ter bastante distância dos vizinhos. Montamos as três barracas e ainda preparamos sanduíches antes de ir até a praia da lagoa, onde a Luísa e a Bruna foram as corajosas a encarar a água gelada. A tarde estava bem quente, tomamos um sol, entre vários argentinos que se bronzeavam, mateavam e aproveitavam a linda paisagem do lago de águas claras, cercado de florestas verdes. O Cascata brincou um pouco com seu drone e fez lindas fotos aéreas. Nós caminhamos entre as cabanas chiques e envidraçadas, com vista para o lago e a Débora se perdeu tentando voltar à barraca, mas em função disto conheceu a seção dos "Domus", que são as barracas altas e brancas em formato oitavado, com uma parede transparente, que ficam em meio ao bosque de arrayanes, uma das árvores típicas da região e que está linda, com pequenas flores brancas, nesta época. Nem as cabanas nem os domus estavam disponíveis, tudo ocupado! Na entrada do camping há alguns prédios bonitos, de madeira, modernos, um para a recepção, outro que concentra um bar, uma "provedoria" (algo como um pequeno mercado), um café e dois restaurantes, um mais chique e outro mais simples. O banheiro é bom, grande e relativamente limpo. A caldeira funciona durante quase todo o dia. Jantamos ótimos bifes de chorizo, assados pelo Ricardo. Tomamos cervejas, sucos e vinhos.


Dia 22 de janeiro, domingo
No café da manhã tivemos sanduíches, granola com iogurte, leite e café, pão com geleia ou Nutella e até ovos mexidos preparados pelo Cascata. Pela manhã o acampamento fica frio, já que não chega o sol nas barracas. Fomos até próximo à entrada do parque, na Villa Futalaufquen, na Hosteria de mesmo nome, para adquirir os ingressos para a excursão lacustre, que faremos amanhã, com saída do Porto Chucao, perto de nosso camping. Nesta hosteria pegamos um pouco de wifi para enviar notícias aos familiares. Depois disso, tentamos fazer um passeio a cavalo, mas a fazenda que oferece as cavalgadas não tinha mais cavalos disponíveis para hoje. Então fizemos uma pequena trilha até a cachoeira Irigoyen, pertinho da estrada. Em seguida, encaramos outra, agora longa trilha, a da Laguna Escondida, que, apesar de estar classificada de média a alta dificuldade, para muitos de nós foi super exigente, de extrema subida, consequentemente também de difícil descida, mas que compensou qualquer esforço com as paisagens belíssimas que se descortinaram após passarmos pelos bosques de árvores altíssimas, chegando a um mirador que mostrava três lagos azuis, o verdinho rio Arrayanes, montanhas nevadas, a estrada da qual viemos e um camping cujos carros estacionados nos pareciam formiguinhas. Foi incrível! Após tudo isso, ainda chegamos à tal Laguna Escondida, lá em cima das montanhas, lugar lindo e tranquilo, onde o Gabriel, Artur e Ricardo quase perderam as orelhas ao entrarem n'água, tal a geleira! O local é habitado por huemules, os veados da região que devem ficar escondidinhos observando os turistas aventureiros  que sobem a tais alturas. Levamos em torno de 3 horas para completar a caminhada e retornar à estrada onde deixamos a van. O Artur e o Ricardo ainda tinham fôlego e pernas e optaram por voltar ao camping pedalando por 2km, mas acabaram não enxergando a placa indicativa e seguiram indefinidamente na estrada, até que perguntaram e ao começarem a retornar, a correia da bicicleta do Ricardo arrebentou. Uma alma boa os recolheu, com bicicletas e voltaram até a entrada do nosso camping na caçamba de uma camionete. Estava escurecendo.....como todos estávamos cansados, a opção da noite foi jantar no restaurante do camping. Comemos fetuccines a bolognesa ou funghi e milanesas, tudo muito bem servido. Caminhando para as barracas apreciamos o espetáculo da Via Láctea na noite fria.




Dia 23 de janeiro, segunda
Preparamos o cafezão, o dia estava muito frio, nublado. Saímos às 9h15min rumo ao Puerto Chucao, de onde parte a excursão de barco. Deixamos a van num estacionamento junto à estrada e caminhamos, a mesma trilha que havíamos feito há 5 anos atrás, de 1,5km, passando pela ponte sobre o rio Arrayanes e margeando as aguas de cor esmeralda, pelo bosque, até o porto. Às 11h embarcamos com mais 70 pessoas, dois guias e um marinheiro, para cruzar o lago. Avistamos o glacial Torresillas, no qual se faz explorações a pé, o que deve ser um tanto difícil, pois ele fica sobre uma montanha. O tempo ficou nublado o dia inteiro, eventualmente abrindo um pouco de sol. Chegamos à reserva natural da floresta Vallenciana, onde a maior atração e objeto de proteção são os fantásticos e longevos "alerces", que inclusive dão nome a todo o parque. Caminhamos por 2 horas numa trilha bem estruturada, com várias partes construídas em passarelas sobre rochas ou grandes desníveis. Aprendemos sobre a vegetação, glaciologia, o clima do local, que é o de floresta úmida, com 5.000 mm de chuvas anuais, sendo que nosso camping, a poucos km de distância, tem 3.000mm e a cidade mais próxima, Esquel, a 45km do parque, tem precipitação anual de apenas 500mm. Esta grande quantidade de chuva é que possibilita a reprodução e manutenção dos alerces. Estas árvores, por terem madeira muito impermeável, resistente e serem enormes, foram praticamente extintas em vários locais pela extração iniciada com os imigrantes europeus. Os lugares são fantásticos, imagino que com mais sol, a cor das águas seria ainda mais linda, mesmo assim, a transparência e seus vários tons de turquesa em contraste com as pedras brancas da margem e a vegetação de coníferas, muito verdes e muito altas, flores silvestres, faziam um maravilhoso cenário. Ao final da caminhada chegamos à maior atração que é o grande alerce de 2.600 anos!!!!!!! Nem dá para imaginar, um ser vivo que tem todo este tempo....a gente se sente um pequeno inseto ao seu lado. Esta reserva é muito controlada e não se pode comer no local, não há banheiros, o único acesso é por este barco turístico. Inclusive, ao embarcarmos no Porto Chucao, tivemos que escovar os calçados e passar por tapetes embebidos em água clorada para evitar levar fungos, pois foi detectada uma espécie de fungo que tem alto potencial destrutivo, ataca as raízes das árvores e as apodrece em 2 anos. Voltamos cedo ao camping, o plano era providenciar peixe para assar na churrasqueira. O Cascata encontrou apenas frango congelado, então, o nosso churrasqueiro alegretense auxiliado pelo Artur, fez a mão de descongelar, limpar e assar as carnes com bastante temperinho e tivemos uma janta farta, com arroz, salada de alface e tomate, vinhos e sucos. Alguns jogaram Pandemic esperando a janta, que foi servida ainda com a claridade do dia, às 20h. Um chuvisqueiro esparso começou enquanto jantávamos, então, apuramos para lavar a louça e guardar tudo e nos recolhemos cedo. A chuvinha foi pouca durante a noite e quase não molhou o chão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário