quinta-feira, 21 de julho de 2016

De Orbost a Bundaberg

18 de julho, segunda
Como nosso motel era na estrada e num lugar meio isolado, o café da manhã foi mais adiante. num lugar frio, já na rodovia, localidade de criação de gado. O casal idoso que atendia fazia o que quiséssemos, personalizando os sanduíches. O lugar era meio parado no tempo. Havia muitos itens de antiguidades e objetos velhos decorando o ambiente, pendurados no teto - motoserras, esquis, rádios, bicicletas, tacos de sinuca etc. Depois, mais tarde, paramos para botar gasolina e tomar picolés. Por uma estrada turística, à beira mar, seguimos para Jervis Bay. Passamos por muitas pequenas cidades de praias, tudo bem limpo, arrumadinho. Cruzamos muitas barras de rios, vendo pelicanos à beira d'água. A vegetação mais variada, alguns matos de eucalipto e muitos campos de golfe. Num deles, entramos para fotografar cangurus que estavam tranquilos ao sol, em bando. Chegamos em Jervis Bay e escolhemos a praia de Hayms Beach para parar e caminhar na areia, que dizem, é a mais branca do mundo (acho que esses australianos tem algo de alegretenses...). Os corajosos que entraram na água fria foram o Gabriel, a Luísa, a Bruna e o Ricardo. Os demais se contentaram em fotografar e apreciar a paisagem da enorme baía que se fechava bem longe, à nossa frente, tendo um farol branquinho sobre uma grande falésia. Nos informamos sobre acomodação para a noite e, assim, fomos seguindo até Huskinsson Beach, onde demos a maior sorte - recém vagava uma linda e novinha casa de aluguel, com uma cozinha totalmente aparelhada e moderna, uma churrasqueira a gás no lado de fora, ao lado da linda varanda. A dona do local foi a australiana mais simpática que encontramos até aqui, muito querida. Pela primeira vez cozinhamos em casa, à noite. Alguns foram ao supermercado Coles - grande rede espalhada pelo país - enquanto outros colocavam roupa para lavar na laundry da nossa ótima pousada. O Ricardo assou legumes e uns bifões na grelha da churrasqueira. Tínhamos também salada, suco, cerveja e vinhos nacionais. Foi uma janta e tanto! Até máquina de lavar louça a casa tinha. Os gastos com refeições fazem muita diferença - as compras no Coles foram bem fartas, compramos itens para um bom café da manhã e ainda abastecemos de frufrus para a viagem; mesmo assim, não gastamos tanto quanto uma janta em restaurante. O lugar é encantador, aliás, várias destas cidadezinhas praianas são. Calmo, altíssima qualidade de vida, as pessoas caminham até a escola com seus filhos, aproveitam muito a vida ao ar livre, não tem uma jornada de trabalho tão grande como a nossa no Brasil...muitos destes locais são próprios para descanso, aposentados, oferecem clínicas de reabilitação, fisioterapia, quiropraxia etc. A vegetação é linda, muitas flores e terrenos ajardinados, áreas de convivência junto ao mar, nas barras dos rios, com bancos e calçadões para serem aproveitados.


Dia 19 de julho, terça
Mais viagem nos esperava após o excelente café da manhã que preparamos em casa. Continuamos ainda por estradas bonitas, passando pela beira do mar eventualmente. Sempre nas pequenas cidadezinhas haviam igrejas, normalmente anglicanas ou batistas, singelas e bonitinhas. Paramos na viagem, perto de Sydney, num pequeno centro comercial para tomar café, comprar água, ir ao banheiro. Continuando rumo ao norte, nosso ponto de parada principal neste dia foi o Morissete Park, onde dezenas de cangurus vivem, tranquilamente, e interagem com os turistas que chegam. As pessoas levavam cenouras, maçãs e pão para dar ao bichos. Impressionante ver os filhotes, já grandes, entrando e saindo da bolsa das mães, eventualmente ficando com parte do corpo pra fora. As mães canguru pulando, pastando e exibindo umas patas ou um rabo saindo da própria barriga - mto estranho! Mesmo os filhotes maiores, mamam de pé, em frente à mãe, com a cabeça enfiada dentro da bolsa. Havia bastante carrapato nos cangurus e eles eventualmente se coçavam com as grandes unhas. Foram centenas de fotos tiradas e filmes feitos com os dóceis marsupiais. Não havia tantos turistas e o campo era vasto, então, foi muito agradável o passeio. Mais uns quilômetros adiante, paramos para abastecer, comer uns sanduíches e dormimos em Port Macquarie, uma cidade já bem maior, com praia linda, com muitos canais e veleiros, barra de dois rios, com orla totalmente urbanizada e muitos restaurantes, cafés, lojas. Nesta cidade já vimos prédios maiores, mas nunca com mais de 6 andares, shopping center, grandes hotéis com vista para o mar e sobre as falésias. A região oferece passeios de barco, aluguel de pranchas de surf, caiaques,  Nos hospedamos em dois apartamentos super equipados e confortáveis. Jantamos muito bem na beira do mar, em um lugar com calçadão que provavelmente ferve no verão, mas nesta época tinha pouca gente passeando. Choveu à noite.

Dia 20 de julho, quarta
Como todos os dias, acordamos cedo e às 7h30 estávamos carregando as malas para serem dispostas, como quebra-cabeças, no porta malas. O café da manhã teve frutas, torradas, café com leite, bolo, mas para o Gabriel e o Artur teve hambúrguer (e grande!), em um café de esquina, na rua central. Pegamos a estrada depois de dar uma circulada por Port Macquarie. Estava chuviscando. Sempre vimos poucos caminhões na estrada. Durante as longas viagens a conversa com os amigos, a música, a leitura, o mate rolando e alguns petiscos eventuais nos distraíam. Aproveitamos para cruzar por várias estradinhas turísticas, novamente, acompanhando rios, plantações de cana de açúcar. Havia muitos trechos de estrada sendo construídos. Paramos para ver o mar de cima de uma falésia em Ballina onde tem uma barra que avança quase 500m no mar. Chegamos pelas 14h em Byron Bay, point de surfistas e uma cidade já bem maior, mais badalada e com lojas chiques no centro. Usamos os banheiros públicos junto à praia que eram os mais tecnológicos que já conhecemos: parecia que se entrava num elevador, apertando um botão a porta de correr abria, uma mensagem de voz avisava que o máximo de tempo para usar o espaço seriam 10 minutos, tinha música ambiente, para sair o botão acionado abria novamente a porta e acionava a descarga. Uma curiosidade: quase todos os sanitários de postos de gasolina, mercados, centros comerciais etc, dispõe de dispensers para seringas usadas! Na praia vários kite surfers aproveitavam o vento, poucas pessoas encaravam um banho na água fria, mas várias passeavam pelo gramado ou conversavam sentadas. Resolvemos caminhar até o farol, que fica numa das extremidades da baía. Seguimos uma trilha de mais ou menos 500m morro acima, pela vegetação, parando pra tentar avistar baleias, que eventualmente eram vistas pelos turistas. Nós não tivemos sorte de vê-las. O por do sol se aproximava e as fotos do farol branquinho e muito bem conservado emoldurado no céu azul ficaram belíssimas. Perto do farol havia um café onde algumas pessoas observavam a linda vista das praias e do mar azul. Saímos dali com o céu ainda colorido após o sol ter se escondido. Poucos km além de Byron Bay, já na rodovia para Gold Coast, onde dormiríamos esta noite, um pneu da van furou! Um prego ou algo assim havia entrado no pneu. O seguro que pagamos ao alugar o carro revelou-se lento e burocrático, pois após 25 minutos de ligação respondendo muitas perguntas da atendente sobre nossa localização, números de documentos, nome dos locatários e até a cor do carro (!) a Bruna teve de desligar, pois os rapazes do grupo já haviam resolvido a situação. Tiraram todas as malas, demoraram para achar o estepe (embaixo do carro) e para tirar o macaco, Enfim, foi um pouco tenso com tanto movimento de carros e caminhões na rodovia à noite. A partir dali, tivemos que andar a 80km/h, pois o estepe era realmente somente um estepe e, a Bruna descobriu também, que uma borracharia dita "24 Horas", atendia ao telefone à noite, mas consertava pneus somente das 8h às 16h! God! Por que chamar de 24horas, então?Felizmente em menos de 1 hora estava tudo resolvido e seguimos para Gold Coast, com o enorme pneu furado no espaço para as pernas do Artur, pois não tinha lugar no porta malas...o Artur viajou uma hora com os pés para cima. Como ficou tarde, acabamos jantando no KFC perto do apartamento que alugamos, era dos poucos estabelecimentos abertos após às 20h - concorre a pior refeição da viagem: comida gordurosa, local sujo e frio. Os dois aptos alugados eram do mesmo padrão da noite anterior, bem equipados e mesma distribuição, algo para famílias em veraneio. Nesta cidade percebemos que já havia muito mais aviso sobre segurança, pediam para não deixar nada dentro do carro (mesmo dentro da garagem do aparthotel), eram chaveados os acessos do prédio para a garagem, para a piscina etc.

21 de julho, quinta - aniversário do Artur
Depois de receber os parabéns pelos seus 17anos, o Artur saiu cedo com o Ricardo para procurar uma borracharia a fim de arrumar o pneu furado. A operação toda levou umas duas horas. Enquanto isso, a Mônica e o Cascata foram comprar alguns itens para completar nosso café da manhã. A Bruna estava na sua tarefa de agente de turismo do grupo, fazendo contato com empresas que levam à grande barreira de corais e também com hotéis para os próximos dias. Tivemos ovos mexidos, melancia, banana, iogurte com cereais, além de leite, café, suco, sanduíches e geleia. Hmmmm, café mto bom! Saímos do apart hotel às 10h30, rumo à Brisbane, onde deixamos a van em um estacionamento bem localizado, na estação de trens intermunicipais, que estava quase vazia. Caminhamos junto ao largo rio Brisbane e o atravessamos por uma passarela de arquitetura bem contemporânea, de metal, de onde avistamos parte dos prédios da metrópole de 2.100.000 habitantes e uma roda gigante em uma das margens. Alguns barcos cruzavam o rio, em passeios turísticos. Depois voltamos para a outra margem, novamente, por outra ponte e fomos explorar o centro, que tem algumas quadras com calçadões, cercados por prédios históricos e também muitos contemporâneos. Havia um festival de música clássica no calçadão, que tinha uma parte coberta por uma alta estrutura fixa, que garantia a sombra no dia ensolarado e quente. Assistimos parte de uma apresentação de uma orquestra de jovens, muito linda e depois seguimos caminhando e vendo as lojas elegantes, as fachadas diferentes dos prédios e shoppings. Tomamos um café no Starbucks e, ao retornamos ao carro, passamos por uma feirinha de comidas num largo entre prédios, onde havia, inclusive, uma típica banca brasileira, oferecendo tapiocas, pasteis e brigadeiros.  Com a confirmação do passeio na Great Reef Barrier para amanhã, seguimos viagem, para nosso destino mais ao norte, a cidade de Bundaberg, de onde sairia o day tour. Eram mais 380km a serem percorridos neste dia. As estradas ao norte de Sydney oferecem bem mais opções de camping para motorhome (Caravan Park como dizem aqui), para o sul praticamente não os vimos. Ainda viajávamos quando o dia se despediu em um lindo e alaranjado por do sol e, uma hora depois, a lua surgiu, cheia, enorme, e amarela, para que ficássemos apreciando até chegar em Bundaberg. A janta de comemoração do aniversário do caçula do grupo foi num cassino restaurante da cidade, à beira do rio. Jantamos muito bem e cantamos parabéns a você bem alto mas não chamamos mais atenção do que um grande grupo de senhoras que vestia, cada uma uma capa e uma máscara de um diferente super-herói e era o mais barulhento e animado do local. Em geral nestes restaurantes, se pede a comida e bebida no balcão, paga com antecedência e depois recebe na mesa. Nosso motel não foi dos melhores, mas pelo menos ficaríamos duas noites ali.


Nenhum comentário:

Postar um comentário