quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Torres del Paine

Dia 12 (24/01/2012) - O parque


Acordamos, tomamos café na pousada e fomos nos abastecer para o acampamento no Torres del Paine: pães, frutas secas, vinhos, chocolates, salame, atum, tomates, sucos e água, tortilhas de batata com bacon, uvas, maçãs, ameixas e pêssegos. O queijo já tínhamos - uma "peça" inteira - além de salmão defumado, comprados no mercado de Puerto Montt. Também trocamos dólares na cidade (1 dólar: 480 pesos chilenos). Andamos pela estrada de ripio, como dizem os castelhanos, uns 80 km, muuuuuita poeira, até chegarmos ao parque. Antes de entrarmos no parque, paramos em dois miradores, com vistas maravilhosas para a cadeia dos Cuernos del Paine e o Lago Toro.

O dia estava especialmente limpo, ensolarado, especial. A vegetação é toda muito bonita, mas está bastante seca, o que favorece os incêndios como o que ocorreu desde 27 de dezembro passado e acabou por interditar o Torres del Paine totalmente por alguns dias e, agora, como fomos informados na portaria, haviam ainda alguns setores fechados ao público - principalmente próximos aos Lago Grey, Pehoé e Laguna Verde. Os adultos tiveram seus momentos de revival, lembrando suas aventuras no verão de 1995 naquele parque totalmente único, quando nem imaginavam que, 17 anos depois, trariam os filhos para conhecer o local.

Na portaria Serrano, perto do Lago Grey, tivemos informações, pagamos 32 dólares por adulto, cada dupla de crianças pagou 1 dólar como valor simbólico. Encontramos as duas viajantes italianas deficientes físicas que estavam conosco no Navimag nesta portaria e, daí para frente, em todos os locais do nosso roteiro continuamos encontrando colegas do navio que faziam a mesma rota que nós. Os alemães sempre eram maioria e andavam em bando, assim como japoneses. Visitamos o Lago Grey, com seu glaciar em tons variados de azul e grandes blocos de gelo desprendidos. Após a longa caminhada contra e a favor do vento no terreno de pequenos cascalhos voltamos para o carro e percebemos que o pneu traseiro havia furado. Então os meninos fizeram o trabalho sujo...depois sentamos junto a uma mesa de piquenique para comer. Muitos passarinhos nos rodeavam, esperando por migalhas.Os primeiros itens consumidos foram as tortilhas de batata, suco e chocolate.

Felizmente o único lugar para consertar o pneu era bem próximo, no hotel do Lago Grey...o que foi no mínimo curioso, pois além do nosso carro, havia mais uma camionete com pneu furado no mesmo estacionamento. Ficamos mais de uma hora na borracharia até conseguirmos sair com o pneu arrumado. Continuamos o trajeto, passando por grandes extensões totalmente queimadas. As estradas estavam todas abertas para o trânsito, mas a maioria das trilhas foi fechada por causa do incêndio.

Passamos por muitos lagos e rios de cores azuis e verdes, clarinhos e transparentes. As montanhas ao longe, com picos nevados, emolduravam o cenário, naquele dia lindo de céu azul. Logo que passamos da parte mais queimada do parque começaram a aparecer bandos de guanacos e, o que foi mais lindo, paramos em uma lagoa com muitos flamingos. O Artur e o Gabriel fizeram o contorno da lagoa, incentivando uma revoada dos flamingos, que foi muito fotografada. Lindíssimo!!!!!!!





Passamos pelo setor da Laguna Amarga e fomos até o Hotel Las Torres, próximo do qual estava nosso acampamento. Alugamos 4 barracas iglu (de duplas), isolantes térmicos para todos, 4 sacos de dormir (a família Prisco havia trazido os seus). A estrutura do camping é mais ou menos. O banheiro nem sempre está muito limpo, há poucas mesas, não tem iluminação, mas a vista é privilegiada, em frente às Torres, imponentes. O banho é bom, com aquecimento a gás. Há também um "Refúgio" próximo ao camping, que oferece refeições (nada baratas!) e camas em beliches, além de banheiros. Toda esta área é de propriedade privada e concentra o camping, hotel e dois destes refúgios (um deles na trilha, bem mais pertinho das Torres).

O camping e os refúgios chamam-se Fantástico Sur. Montamos as barracas, pegamos nossas caixas de mantimentos e preparamos deliciosos sanduíches de salmão defumado ou salame. Fomos dormir à luz das estrelas. Ainda bem que escurece tarde! Não fez muito frio e os sacos de dormir eram bem quentinhos. Alguns dormiram muito bem, outros nem tanto.


Dia 13 (25/01/2012) - As Torres

O Ricardo e a Luísa acordaram cedo, foram caminhar e tirar fotos e presenciaram uma cena incrível: uma raposa que caçou uma lebre bem na frente deles. O episódio foi todo fotografado.

Após o café da manhã nos preparamos para a grande jornada até o Acampamento Chileno, para alguns, ou até as Torres para outros (somente Ricardo, o Bruno e Artur). Esta caminhada foi especialmente exaustiva em função do grande desnível que se enfrenta. Saímos às 10h. Muitos viajantes do Navimag estavam fazendo a mesma trilha. O que mais nos impressionava era a quantidade de pessoas idosas subindo e descendo a montanha. Os mais preparados sempre tinham os bastões de apoio para caminhar, tanto jovens como velhos sempre muito equipados com suas botas de trekking, roupas impermeáveis especias, toucas etc. Alguns subiam com grandes mochilas nas costas, pois iriam acampar no "Chilenos".

A primeira parte do caminho é muito íngreme, com muita pedra solta, ao final deste trecho nos separamos em dois grupos, pois o Ricardo, Bruno e Artur tinham o objetivo de chegar até o final, no mirador das Torres e as meninas perceberam que não chegariam lá. O Gabriel foi solidário e ficou com as mulheres. Parávamos muito para descansar. Logo a seguir veio um vale lindo em que se caminha sobre a borda de penhascos e se avista um pequeno rio com águas azuis bem lá embaixo e aos poucos se vai baixando até chegar na base, atravessando uma pequena ponte deste riozinho e chegando no Acampamento Chilenos, da Fantástico Sur.


Chegamos exautas/os e, como não tinha mesa de piquenique sobrando, entramos no refúgio (de meias, pois havia uma placa solicitando para tirar os tênis e botas) e, por incrível que pareça, tinha um pequeno bar/restaurante, onde compramos coca-cola e batata frita, só prá compensar o esforço anterior. Depois soubemos que nossos 3 companheiros que seguiram até as Torres também fizeram a parada básica da coca-cola após terem ido sem água até o final. São 4,5 km até este acampamento, ou seja, 9km ida e volta. Para os três que seguiram, foram 21km ida e volta, com um esforço físico muito maior ao final, na subida até o mirador e descida ao lago das Torres. Segundo eles, viram condores (é verdade!) e voltaram com dores. Rsrsrsr!

O primeiro grupo estava de volta ao camping às 17h, com as pernas trêmulas, todos, exceto a Débora, sentaram-se na van e dormiram. Débora foi direto tomar banho, mas, quando viu que a água estava fria, foi solicitar ao pessoal da manutenção a troca do gás. Enquanto esperava, tomou uns mates com os rapazes, que com seus 20 e poucos anos, ficaram espantados com a história destes brasileiros que estiveram no Paine há 17 anos atrás, quando não havia nenhuma estrutura de camping ou refúgios no parque. Bruno, Artur e Ricardo chegaram quase mortos, deitaram-se no capim e diziam que queriam jantar uma comida no Refúgio, apesar de ser cara....

Assim, enquanto uns tomavam banho, foi feita a reserva da janta, que seria sopa de aspargos, frango ao molho de laranja com champignons e puré com nozes e passas. A sobremesa era um flan de chocolate. A Débora e a Luísa foram a pé - era só atravessar um leito de rio cheio de cascalhos e caminhar uns 200m até o Refúgio para jantar, os demais foram de carro, pois o Artur se negava a caminhar mais. Para nossa surpresa, o restaurante do Refúgio estava super lotado, alemães, para variar, e turistas de muitas outras nacionalidades. Quem trouxesse seu próprio vinho tinha de pagar a taxa de rolha, o refrigerante devia ser caro, então, tomamos 8 litros de água, que era "de grátis"!!!!!! Depois da janta, sentamos no capim, em frente às barracas, tomamos vinho, tiramos umas fotos e nos recolhemos. O problema de ter tomado tanta água, foi ter de atravessar o camping numa madrugada sem lua, sem lanterna e sem luz no banheiro...


Dia 14 (26/01/2012) - Aniversário da Dé

O dia amanheceu muito ventoso e um pouco mais frio. Caíram uns pingos de chuva, que não chegou a molhar nada, aliás, uma boa chuvarada seria muito bem-vinda no Parque. Na barraca vizinha à nossa voaram panelas, roupas, garrafas plásticas . No café da manhã a Débora recebeu os parabéns pelo seu aniversário. Além de sucos e frutas, tínhamos deliciosos sanduíches de atum, salmão defumado ou salame no café da manhã, feito em frente às barracas. Arrumamos nossas coisas e seguimos rumo à fronteira com a Argentina, mas antes ainda vimos a Laguna Azul, a cascata do rio Paine, lindíssima, um lindo e enorme arco-íris que se formou em frente ao maciço do Paine, inúmeros guanacos, cisnes de pescoço negro e emas.



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