domingo, 27 de janeiro de 2013

Santa Clara


26 de janeiro, sábado - aniversário da Débora
Saímos de Trinidad pela Serra do Escambray. Frio, chuva, nevoeiro, estrada de chão embarrada e por vezes, asfaltada. No meio da Serra, havia o Museu do Café, paramos e tomamos umas xícaras para esquentar. Próximo, o Museu de Arte Contemporânea, com um acervo considerável, visitamos tudo. Na beira da estrada vimos um avião cubano da guerra, em destroços.


Chegamos à Santa Clara às 14h, depois de viajar 88km, e fomos direto ao Conjunto Escultórico do Che. A cidade, atualmente recebe uma grande quantidade de turistas em função deste mausoléu dedicado ao maior herói da revolução cubana. Santa Clara abriga os restos mortais de Che Guevara desde que seu corpo foi exumado e veio da Bolívia em 1997. Che foi enterrado neste local com honras militares, junto com 29 companheiros. No local, há um museu dedicado à vida de Guevara e uma chama eterna acesa por Fidel Castro.
Santa Clara foi escolhida para abrigar esta memória em função de ter sido o local onde as tropas de Guevara decidiram o final da revolução Cubana em 31 de dezembro de 1958. Como resultado disto, o ditador cubano Fulgencio Batista fugiu para o exílio. Toda esta história é contada no museu, junto com a história pessoal do argentino-cubano Ernesto Guevara de La Serna, El Che, desde sua infância, formação em medicina, viagens pela America Latina, África, etc. Uma grande estátua é o que mais chama a atenção, de longe, onde Che foi retratado de braço quebrado, na época da Sierra Maestra. Diversos aspectos da vida de Che são representados em todo o complexo. Passagens de seu tempo na Guatemala e nas Nações Unidas foram esculpidas, sua emocionante carta de adeus a Fidel está escrita na íntegra no painel do monumento. Outra seção mostra Che como ministro da Indústria realizando seu trabalho voluntário de costume. Finalmente professores de alfabetização, as crianças nas escolas, etc. Não se paga nada para entrar no Museu, mas não se pode fotografar. Como estava chovendo, logo fecharam o museu para evitar entrada de umidade, nos restou fazer uma visita rápida por dentro e depois fotografar o complexo por fora. A praça em frente ao Complexo é enorme, espaçosa, lembra muito a Praça da Revolução, em Havana. Na data de aniversário do famoso combate, as crianças, de todas as escolas da região fazem homenagens, simulando os acontecimentos para enaltecer a história. A visita vale muito a pena.
Mais uma vez ao chegarmos ao residencial indicado para nosso pouso fomos conduzidos para outra casa, pois estava lotado. O Sr Thomas e a sra Mercedes nos receberam com quartos perfumados (demais). Fomos dar uma volta na praça de Sta Clara e não cahamos muita coisa para fazer. Comemos sanduíches, entramos num museu, junto à praça principal, que conta história de costumes da época colonial, fomos conduzidos por um guia.
Ao voltarmos para casa a Luísa usou a internet (rapidamente, pois isso era um luxo) para procurar mais nomes de colegas no listão da UFRGS e a Débora tomou um daiquiri, preparado pela dona Mercedes. Como a data era festiva, saímos para jantar no restaurante que parecia o mais chique da cidade – El Gobernador – assim, comemoramos o aniversário da Débora, com pratos lindos, enfeitadíssimos, mas nem tão gostosos assim...
Saindo do restaurante percebemos que a cidade funciona mesmo é à noite. Muita música. Bem ao lado do restaurante havia uma festa com mesas na rua e tudo, um conjunto maravilhoso tocando música típica e diversos casais que pareciam dançarinos profissionais – na verdade, acho que qualquer cubano tem esta ginga e é só tocar uma salsa que começa a festa. Na praça havia a maior festa, que era de adolescentes, com telões e tocavam música eletrônica e “reggaeton” (que é um rap, misturando estilo hip hop e influenciado pelos ritmos caribenhos) variadas. Bastante público, também pudera – a cidade tem 5 universidades! Num barzinho, do outro lado da praça, mais música ao vivo, neste local o público era especialmente de turistas e tocavam as clássicas cubanas estilo Buena Vista Social Club. Mais outro grupo, numa das calçadas de um prédio antigo, sob arcos, tocavam ao vivo para casais idosos que dançavam alegremente. No trajeto para casa, pelas ruas escuras de Sta Clara, passamos por uma festa GLS muito cheia e animada, enfim, a noite cubana é uma festa!






27 de janeiro, domingo
Antes de deixar Sta Clara ainda tínhamos que conhecer outro ponto de interesse ligado à revolução cubana em 31/12/59 – o trem blindado. No local, está o vagão que as tropas de Che Guevara impediram de continuar viagem usando um trator para arrancar os trilhos. Este trem vinha carregado de munição para o exército de Batista, e, como não chegou ao seu destino, acabou se tornando um símbolo da vitória dos barbudos. O trator também permanece no local, que foi transformado em uma praça, bem cuidadinha. Ali perto um outro monumento ao Che – uma estátua de bronze em tamanho real com uma porção de pequenos detalhes esculpidos em suas vestes, cinturão, cabelos, etc, detalhes estes que representam passagens de sua vida. Muito interessante e bonito – Che leva nos braços uma criança – por isso, é conhecido também com o “Che de los Niños”.


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