domingo, 22 de junho de 2014

Goiás

Dia 18/06, quarta
Aproveitando os feriadões proporcionados pela Copa do Mundo e Corpus Christi, a família Heineck Neves partiu para mais uma indiada no interior do Brasil. Às 7h saímos do aeroporto Salgado Filho, com a empresa Azul, em direção a Goiânia. Depois de uma curta escala em Campinas, chegamos ao nosso destino às 11h20. Pegamos o carro, previamente alugado, no aeroporto Santa Genoveva, e rumamos para Pirenópolis. A estrada até a cidade histórica de Pirenópolis está em boas condições, a vegetação do cerrado, o clima quente e seco e a terra vermelha nos lembravam da viagem à Chapada dos Veadeiros. Antes das 14h já estávamos na Pousada Tia Ilda, uma confortável hospedaria com um bom café da manhã, ótimas camas, tudo novo, cheiroso e limpinho. Almoçamos no restaurante Tempero do Rosário, que fica na praça da matriz e tem um buffet muito variado com comidas típicas e caseiras. Durante o almoço assistimos o grande jogo entre Holanda e Austrália, que estava acontecendo no Beira-Rio. Depois de almoçarmos, descemos uma ladeira do centro histórico olhando as diversas lojinhas de artesanato e joias em prata até encontrarmos uma sorveteria, onde o Ricardo tomou sorvete de baru, o amendoim do cerrado. Pirenópolis foi fundada por bandeirantes em 1727, durante o ciclo do ouro. É uma pequena cidade que conserva um centro histórico colonial, tem ruas calçadas com pedras (retiradas das pedreiras usadas para a construção de Brasília) e é atravessada pelo Rio das Almas, sobre o qual pequenas pontes de madeira pintadas de vermelho enfeitam o cenário. O centro foi tombado pelo IPHAN em 1989. Durante o dia há algumas crianças se banhando no rio, que parece muito limpo e tem um leito formado por grandes pedras e pequenas cachoeiras nesta época. A cidade estava tranquila. Pegamos informações em um ponto turístico e voltamos para a pousada para descansar, afinal, havíamos acordado às 5h manhã... A sra Ilda, dona da pousada, nos falou de algumas atrações da região, explicou que esta temporada é seca e que alguns estrangeiros estariam hospedados com ela a partir de hoje para irem assistir ao jogo entre Colômbia e Costa do Marfim, em Brasília, amanhã. À noite, conhecemos outros pontos do centro, inclusive uma ladeira tomada por restaurantes com mesinhas nas calçadas e na própria rua, lugar muito bonito e romântico. Jantamos neste local. Clima agradável, quente durante o dia, mas com uma brisa. À noite bem frio.

Dia 19/06, quinta, feriado Corpus Christi
Depois de uma excelente noite de sono e de um farto café da manhã, com pão de baru, queijo colonial, etc, etc, saímos para os destinos de aventura. O primeiro deles foi a Serra dos Pireneus, que tem o segundo ponto mais alto do estado de Goiás. O acesso ao parque tem uma estrada de chão bastante difícil e poeirenta. Paramos em um mirante, caminhamos pela vegetação do cerrado até umas formações rochosas altas e interessantes, mas não seguimos até o ponto mais alto do parque estadual. Depois fomos à Fazenda Bonsucesso, onde se paga uma entrada de 20 reais por pessoa para ter acesso às seis cachoeiras através de uma trilha de mais ou menos 1 hora de caminhada. Apenas uma cachoeira não tem local para banho. Tomamos banho nas águas geladas e aproveitamos por mais tempo a última cachoeira e de acesso difícil, chamada Lagoa Azul. Saímos dali em torno das 14 horas para irmos até a Fazenda Vagafogo, onde comemos o famoso e delicioso brunch, servido com 45 produtos típicos e feitos na própria fazenda. Conversamos com um dos donos da fazenda, o Uirá, que além de sugerir as melhores combinações para comer no brunch, deu dicas de passeios na região. A Fazenda Vagafogo é uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural). Voltamos para o centro às 17 horas, passeamos mais um pouco e vimos vários cavaleiros fantasiados com máscaras de caveiras, chapéus, capas e botas, sobre seus cavalos enfeitados com panos coloridos, colares de sinetas, flores de papel coloridas, resquício das Cavalhadas e da Festa do Divino que encerrou no dia 10 de junho. Os cavaleiros se exibiram até a metade da noite na rua principal, fazendo muita folia, bebendo e empinando seus cavalos, sob a atenção dos turistas que estavam junto à Igreja da Matriz. Atrás da igreja, muitas pessoas assistiam o jogo Japão 0 X 0 Grécia, no telão da Fanfest, montada para acompanhar a Copa do Mundo FIFA. Na diagonal da igreja uma ruazinha ainda conservava a decoração com o longo tapete de cerragem colorida em virtude da festa de Corpus Christi. Ao chegarmos na Pousada, a tia Ilda nos contou sobre o jogo Colômbia 2 X 1 Costa do Marfim, que ela e o marido Benitez (primo do famoso goleiro do Inter) haviam visto em Brasília à tarde. Disseram que foi tudo muito bem organizado e bom. Jantamos na rua do burburinho, em um restaurante aconchegante, muito bem decorado, mas com atendimento que deixou a desejar. Segundo o Ricardo, foi lá que comeu o melhor risoto de pequi da viagem. Sim, não poderíamos deixar de comer o pequi, que é largamente utilizado na culinária do cerrado. A Débora e a Luísa foram de carne de sol com aipim e um caldo de moranga (que tinha muito mais queijo e creme de leite do que moranga). O Artur arrependeu-se de dividir o prato com o pai, achou o gosto do pequi muito forte. Na verdade, lembra muito o butiá! Como foi feriado, esta noite estava muito mais movimentada do que a anterior.

Dia 20/06, sexta

A Débora e o Ricardo acordaram cedo para fotografar a cidadezinha menos povoada e valeu a pena. O sol da manhã batendo na fachada da Igreja da Matriz, dos casarios e o menor número de veículos, rendeu algumas bonitas imagens. Tomamos café da manhã e  visitamos, ainda em Pirenópolis, o excelente e imperdível Museu Rodas do Tempo (http://www.rodasdotempo.com.br/). Este organizadíssimo museu mostra a história da bicicleta e da motocicleta, com ótimos exemplares, entre eles algumas réplicas de bikes feitas em madeira. Os modelos ingleses, alemães, as Vespas, Romisettas, Harley Davidsons, são um capítulo à parte. Seguimos para a próxima cidade: Goiás. Sim, alguns a chamam de Goiás Velho, mas o correto é chamar apenas de Goiás a primeira capital do estado, que é muito bonita, tem um enorme centro histórico e por isso foi tombada como Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco. Goiás tem o traçado típico de cidade de ciclo do ouro, está encostada na Serra Dourada e é perpassada pelo rio Vermelho. Chegando ao destino, fomos direto ao Mercado Central, sob um sol escaldante, apenas caminhamos rapidamente para ver as poucas bancas e depois fomos explorar o centro, totalmente calçado por grandes pedras lisas. Iniciamos na praça da matriz, onde um coreto foi transformado em sorveteria, concentrando mesinhas com famílias locais e turistas. Tudo muito interiorano, a cidade anda lentamente, pouquíssimo trânsito. Acho que o calor dita o ritmo lugar. Ainda faltava provar outra iguaria clássica: o empadão goiano, então, foi desta vez que, num boteco da praça, comemos o salgado de massa assada numa cumbuca, recheado com molho de frango, palmito, batata. Quem comeu, gostou! Também compramos doces de frutas cristalizadas e o tradicional pastelim, panelinha recheada de doce de leite. Passeamos pelas ruas de pedras antigas e irregulares e, para finalizar o tour pela cidade, visitamos a casa de Cora Coralina, "encalhada no rio Vermelho", junto a uma bucólica pontezinha de madeira, bem no centro histórico. Perto dali, vimos o furgão 1952, azul, do Durval Sampaio, um cara que viaja o Brasil fazendo chapéus em diversas comunidades – ele saiu no Fantástico, Jô Soares e em várias outras reportagens na mídia (http://www.e-holic.com.br/ ), sua filosofia é viver do que gosta de fazer, assim, viaja e costura chapéus. Seguimos, então, mais 4h e meia de viagem, num trânsito difícil, com caminhões e bastante movimento, em estradas duplicadas apenas perto de Goiânia, para dormir onde havíamos reservado um flat - Caldas Novas. Foi uma viagem cansativa, chegamos à noite. Saímos para jantar no centro, que é bastante movimentado e próprio de um balneário. Muitas famílias com crianças, senhoras idosas, lojas de roupas de banho e boias e tudo o quanto é brinquedo inflável para água. A grande maioria dos restaurantes eram “de comida em bastantão” ou pizzarias. Nosso flat não animou muito, apesar de ser bem novo, bem aparelhado, limpinho e ter cama boa (um quarto e um sofá cama na sala); não tinha internet, era no 13º andar e havia problemas nos elevadores, então, tivemos que subir as escadas algumas vezes. Não nos demos conta que, por ser flat e não hotel, as roupas de cama e banho seriam por nossa conta. Ainda bem que o rapaz que nos alugou o apto providenciou estes itens para nós!  Como era para apenas 2 noites, estava bem.

Dia 21/06, sábado
Ao nos informarmos sobre as opções de balneários, resorts e parques aquáticos em Caldas Novas e Rio Quente (cidadezinha próxima, cerca de 20km), soubemos que elas eram inúmeras e todas elas, claro, com água quentinha, característica da região e o que mais atrai os turistas. O município de Caldas Novas é conhecido por ser a maior estância hidrotermal do mundo, possuindo águas que brotam do chão em temperaturas que variam de 33° a 60°. A principal fonte de renda do município é o turismo. Há espaços públicos para banho, junto ao rio Quente (um rio quentinho que passa na cidade de mesmo nome), mas há muitos empreendimentos privados de lazer. São mais de 1 milhão de turistas por ano na região. Algumas pessoas optam por hospedar-se em resorts, onde está tudo incluído – hospedagem, refeições, acesso às piscinas e atividades aquáticas. Nós achamos que não valia a pena, pelos nossos cálculos, por isso a opção do flat. Preferimos conhecer o mais completo dos parques aquáticos e também com mais brinquedos de aventura para agradar o Artur e a Luísa - o Hot Park. Sendo assim, tomamos café – pão de queijo maravilhoso - em um posto de gasolina, já na estrada para a cidade de Rio Quente, onde fica o Hot Park.
 Também neste posto compramos os ingressos antecipadamente (mais baratos), isto evita as filas na entrada. O valor para um adulto é de R$124,00, pagamos R$109,00 antecipados.  Há valores mais baixos para estudantes, professores, gestantes, idosos, pacotes para mais de um dia, etc. São várias as promoções. O parque lembra muito o Beach Park, de Fortaleza, que também é um espaço enorme e tem muitas atrações iguais, apesar de ser com água fria. Existem piscinas de criança, baixinhas; outras com bares molhados, muito procuradas; toboáguas abertos e fechados, que se desce com boia ou tapete; escorregador (tipo pista de skate) para boias duplas: rio artificial com uma leve correnteza para ir de boia ou nadando, em meio a jardins e cachoeirinhas; escorregador radical com queda livre que permite uma velocidade média de 8,3m/s, etc. O Ricardo e o Artur foram neste brinquedo, chamado Xpirado e disseram que foi muita adrenalina, não puderam ver nada, pois a velocidade realmente é impressionante. Nos divertimos um tempo na Praia do Cerrado, uma enorme praia, das 5 maiores do mundo deste gênero, com areia branquinha, água quentinha, ondas artificiais que eram ligadas periodicamente. Muito legal! Segundo um site de turismo: “a maior praia artificial de água quente natural do mundo, inaugurada em 2008. Ocupa uma área de 25 mil m² e exibe areia branca e fina, coqueiros, além de nove tipos de ondas que podem atingir até 1,20 metros de altura. E são três praias em uma. A com ondas baixas e pouca profundidade, dedicada às crianças. Outra mais reservada, com clima de praia particular, lounge com sofás e poltronas sob sombrites, restaurante privativo e um bar aquático. A terceira tem palcos para shows, arena para jogos de vôlei e futebol, bar aquático, bangalôs, além de um deck molhado.” Além das atrações na água, há também um viveiro com aves, mini golf, paintball, arvorismo, rapel e muitas outras atividades, a maioria delas pagas à parte, neste caso. Tem diversão garantida para o dia inteiro mesmo. Ficamos desde às 10h até o horário de fechar, às 18h. Comemos uns lanchinhos durante o dia, nos quiosques do próprio parque e à noite voltamos ao apto, para tomar banho e sairmos para jantar.

Dia 22/06, domingo

Saímos cedo para Goiânia, capital inaugurada oficialmente em 1942, onde havia atrações que queríamos conhecer. Inicialmente fomos à Feira do Cerrado, um local muito agradável com muitas bancas interessantes de artesanato e comidas típicas. Estava rolando um show de música caipira, de um sanfoneiro, em função das festas juninas. Comemos tapiocas muito boas, passeamos, compramos algumas coisinhas. O que mais gostei foi uma banca de bordados de uma cooperativa de mulheres que borda flores do cerrado, tudo de muita qualidade em capas de almofadas, toalhas de mesa, etc. O calor era grande! De carro, circulamos por alguns parques e praças bonitos, bem verdes. Pudemos perceber que a cidade foi realmente toda planejada, especialmente no centro, onde estão vários prédios em art déco, da década da fundação da cidade, misturados a outros de variados estilos. Seguimos para o Centro Cultural Oscar Niemeyer, onde alguns prédios públicos estão dispostos ao redor de um grande vão – a Esplanada JK - em que skatistas e ciclistas faziam suas manobras, crianças empinavam pandorgas. Toda a arquitetura, projetada pelo Niemeyer (apesar de terem nos dito que a execução foi criticada por ele), é magnífica. As formas curvas, brancas, acessos por rampas, muito espaço livre, tudo característico da arquitetura de Oscar Niemeyer.  O mais alto de todos os prédios, em forma piramidal/triangular, todo vermelho, é o Monumento aos Direitos Humanos, que contém auditório e local para projeções. Outro de formato mais tradicional, retangular, comprido, com 3 pavimentos, fica ao fundo do complexo e abriga uma biblioteca, cinemas, restaurante e a parte administrativa do Centro Cultural. Há ainda o Palácio da Música, um prédio parecido com o do Senado Federal, côncavo e virado para baixo. Conhecemos mais detalhadamente o prédio do Museu de Arte Contemporânea de Goiás, redondo, com uma rampa vermelha de acesso. Nele vimos 3 exposições bem bacanas – uma delas reunia obras dos artistas plásticos goianos Pitágoras (Totalitarium) e Rodrigo Godá (Aurora Tecnicolor). Eram muitas e grandes obras, a maioria de pinturas em tela, bastante expressivas. Outra exposição, de um mexicano, com o tema “Futebol”, fazia parte de uma série de exposições relacionadas à Copa do Mundo. E a terceira que vimos foi de grafite, com vários artistas brasileiros, bem legal! Valeu a pena conhecer, tanto o espaço, como o conjunto de ótimas exposições. Almoçamos em uma padaria antes de seguir para o aeroporto. Na escala, em Campinas, aproveitamos o espaço de grande telão preparado com tapetes e pufes em que os viajantes acompanhavam as partidas da Copa. Assistimos EUA 2 X 2 Portugal e foi uma grande vibração.

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