segunda-feira, 22 de julho de 2013

Vale do Capão

Dia 20 de julho de 2013, sábado
Chegamos à Pousada Pé no Mato, na entrada da principal rua do Vale do Capão, pelas 16h. O Vale do Capão é a maior concentração de hippies e estrangeiros da Chapada. Segundo a sra. Sílvia, dona da pousada e que deu quase todas dicas de roteiro pela internet ao Ricardo, o vale ficou famoso há uns 20 anos, em função de um médico de Salvador que estabeleceu uma comunidade de cura alternativa, através da alimentação natural. Atrás dele começaram a chegar outras práticas relacionadas, de meditação, esotéricos, vegetarianos e logo em seguida, o turismo de aventura. Hoje em dia, vem grupos para fazer trilhas de 1 dia para as cachoeiras ou de até 7 dias, pelo Vale do rio Pati, neste caso, dormindo, em geral, na casa de nativos. Além disto, há roteiros para contornar o Parque da Chapada Diamantina de bicicleta, cavalgadas, todos eles com guias.
Bem, como chegamos à tarde, nos recomendaram um passeio até a cachoeira do Riachinho, que fica bem próxima da vila, junto à estrada. Muita gente se reúne nesta linda cachoeira ao final da tarde, após as trilhas, para tomar banho ou simplesmente olhar o pôr-do-sol e caminhar pelos degraus que se formam na extensão da descida da água. Os conglomerados, rocha base de toda esta cachoeira, são avermelhados ou esverdeados e a água bem escura. À tardinha provamos o pastel de palmito de jaca, uma invenção local, com refogado da polpa, para dar aproveitamento à grande produção da fruta. Nesta noite jantamos no "restaurante" Dona Belí, que serve pratos feitos (arroz, feijão, carne e/ou ovo, farofa, palma) e sucos em jarra, tudo bem em conta, na própria casa da dona. Em 10 minutos se conhece o centrinho, que tem uma igrejinha e pouco comércio: algumas lojinhas de roupas e adereços hippies, pequenas pizzarias, agências de turismo e mercadinhos, nada além disso.


Dia 21 de julho de 2013, domingo - níver do Tutui
Acordamos o Artur com os parabéns pelos 14 anos e fomos ao café da manhã, bem bom, com destaque para o pão quentinho, saído do forno. Através da Pé no Mato, que além de pousada é agência de turismo, já tínhamos um guia contratado para a trilha principal que faríamos no Capão - o sr. Zé Maria, agricultor, que também orienta expedições, muito simpático e ótimo condutor para a caminhada. A trilha escolhida foi para a Cachoeira da Fumaça, que, na verdade, é a mais pedida da região, além do Vale do Pati. Saímos para os 6km de ida (total de 12km, então) às 10h, com os kits de lanche (banana, maçã, amendoim, barrinha de cereal, sanduíche de queijo e tomate, suco natural congelado) nas mochilas. Na entrada do Parque há um posto da Associação de Condutores de Visitantes do Vale do Capão -ACV-VC,  que registra os nomes dos caminhantes que ingressam, orienta sobre cuidados na trilha, oferece algum apoio para casos de emergência e combate eventuais incêndios. Eles solicitam uma contribuição voluntária. Alguns turistas entram por este acesso para sair 3 dias depois, percorrendo a trilha da Fumaça por baixo. Muitos estrangeiros e, impressionante, muitas crianças acompanhando familiares. A trilha da "Fumaça por cima" inicia bem difícil, são 2km de muita subida por pedras, bem íngreme. Paramos várias vezes para recuperar o fôlego. Depois da subida foi mais tranquilo, num caminho razoável, que apenas exige atenção em função das pedras, buracos, vegetação, mas deu para curtir o visual do platô e dos morros ao redor. Ao chegarmos na grande pedra de onde se avista a Cachoeira da Fumaça por cima, vimos muitos grupos lanchando e se revezando um a um, para deitar  na ponta da  pedra que mais se projeta no vale a fim de fazer as fotos simulando um voo, ou ainda, para enxergar toda a extensão de 340m da cahoeira, a segunda maior do Brasil. Também lanchamos e fomos até outro ponto de observação, um pouco mais baixo, de onde se vê a queda d'água de lado. Incrível a paisagem, a perder de vista, totalmente verde e sem qualquer vestígio de civilização. Avistamos alguns mocós (mamífero que parece uma capivara pequena) sobre as pedras. O rio que forma a cachoeira, antes de cair no vale oferece águas tranquilas e geladinhas para banhos refrescantes. É claro que aproveitamos para tirar o calor da caminhada. A trilha de volta foi menos desgastante, mas exigiu firmeza nas pernas durante a descida pelas pedras. Às 16h30 chegamos de volta à ACV, suados, mas vitoriosos!!!!




Descansamos na pousada e logo ao anoitecer o aniversariante ganhou duas fatias de uma pizza vegetariana vendida na calçada, em frente à pizzaria Al Capãone. Saímos para comemorar o aniversário do Artur num dos restaurantes mais chiques do Vale - Casa das Fadas - cozinha italiana a alguns km do centrinho. Os adultos tomaram um vinho, a maioria escolheu massa ao molho de gorgonzola, berinjela à parmegiana. O Ricardo pediu codorna recheada, que veio acompanhada de um potinho de água perfumada de limão para mergulhar os dedos e tudo, ...muito chique e fresco para um alegretense... também comemos sobremesas. Cantamos parabéns somente ao chegar na pousada, antes de dormir.

Dia 22 de julho de 2013, segunda-feira
Rumo à última cidade onde estaríamos na Chapada, saímos pelas 9h, com três passeios programados para o dia. O primeiro destino foi a Gruta de Lapa Doce, um lugar muito interessante. São 42km de galerias subterrâneas mapeadas, dos quais podíamos fazer 850m para conhecer. A entrada da gruta é por um grande buraco na terra vermelha do sertão, em meio à caatinga. O guia que nos acompanhou, com lanternas e um liquinho ia explicando as formações geológicas, mostrando as várias estalactites e estalagmites e iluminando-as para sugerir as formas de animais, objetos, pessoas, etc.


A parte da gruta por onde caminhamos é toda tão ampla que não gera qualquer sensação incômoda ou claustrofóbica. O guia chegou a dizer que a Chapada é um grande queijo suíço, toda cheia de cavernas e grutas. Nos explicou também que cavernas tem apenas uma entrada/saída e que as grutas têm pelo menos dois acessos, ou várias saídas e entradas. Como a Lapa Doce é uma gruta, saímos por outro lado, depois de caminhar pelo menos 1 hora no interior escuro e fresquinho, aprendendo sobre achados dos estudiosos, fenômenos geológicos e imaginando formas para as visões. Ao sairmos, o brilho do sol e o calor escaldante contrastou. Almoçamos no buffet do local, que estava bem variado e bom, com preço bem acessível. Tomamos picolés e vimos um painel de fotos dos famosos que já estiveram no local, muitos artistas da Globo, pois já foram filmadas cenas de novelas, como A Favorita e a abertura da novela Selva de Pedra. Fomos muito bem atendidos, já que éramos apenas nós no restaurante. Comentamos, inclusive, que em todos os locais turísticos que estivemos nesta viagem não enfrentamos filas, fomos bem atendidos e que tudo estava dando muito certo. O roteiro, circundando o Parque, com estadias em mais de uma cidade, propiciando perder menos tempo em deslocamentos e ainda conhecer pequenas cidades, foi bem acertado. Pelo que vimos, o mais comum é que os turistas venham mal informados, não sabendo das grandes distâncias que separam os atrativos e se baseiem apenas em Lençóis, maior cidade da Chapada, o que os obriga a enfrentar viagens diárias. O próximo ponto de parada, após algum tempo pelo sertão do sertão, vendo casinhas de pau a pique, muita plantação de palma e de café, algumas rocinhas secas e uma grande plantação irrigada de tomate, foi a Pratinha.

A Pratinha é um centro de atrações com um rio de águas muito cristalinas, diferente das águas escuras da Chapada, que oferece passeios de caiaque, tirolesa, massagem, artesanato, restaurante e o acesso à Gruta Azul, outra gruta com água de cor turquesa da região, mas nesta não se pode nadar. A Débora e a Luísa aproveitaram para nadar e tirar o branco do corpo na Pratinha, o Santi e a Bela andaram de caiaque, a Clara e a Catarina brincaram com os gansos e o Ricardo e o Artur fizeram flutuação na caverna do rio. Tudo muito legal! O último ponto do dia, indo em direção a Lençóis, foi o morro do Pai Inácio, junto à rodovia, mas muito mal sinalizado, quase não conseguimos chegar a tempo, o acesso é permitido somente até às 17h. Chegamos uns minutos antes e pudemos escalar até o topo do Morro.





A vista, divulgada como a melhor para a Chapada, realmente compensa a subida e é muito linda. Caminha-se sobre uma boa extensão do morro, que é uma rocha chapada e oferece visão de 360 graus. Tivemos uma incrível visão do pôr-do-sol e, mais lindo ainda: o nascer da lua cheia!!!! Sem palavras. Muitas fotos, muitos turistas brasileiros e estrangeiros, especialmente alemães. Descemos já no escuro, somente com a luz da enorme lua cheia, cuidando para não pisar em falso.

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