terça-feira, 24 de janeiro de 2017

El Bolson

Dia 24 de janeiro, terça-feira
Acordamos pelas 8h, alguns antes, outros depois. Tomamos café, desmontamos o acampamento e rumamos ao norte, saindo do Parque Nacional, até El Bolson, passando por Cholila, a cidadezinha famosa por ter sido residência dos fugitivos ladrões de banco norte americanos Butch Cassidy e Sundance Kid. Após o parque se entra num vale lindo, com flores, pequenas propriedades com criação de ovelhas, algumas que oferecem especialidades e o chá galês. Logo reinicia o asfalto e a chegada em El Bolson impressiona, pois é uma cidade no centro do vale, entre os paredões de granito das cordilheiras. Muito verde, tem enorme produção de frutas, com destaque às cerejas, framboesas (que também crescem selvagens ao longo das estradas), amoras. Chegamos pela avenida principal e logo percebemos o espírito aventureiro e alternativo da cidade, com inúmeros mochileiros pelas praças e caminhando nas ruas, hippies vendendo bijuterias, sanduíches e muitas lojas de turismo, que oferecem excursões de rafting, tirolesa, trekking, cavalgadas, passeios de bicicleta etc. Uma praça central com manifestantes pró meio ambiente e outras manifestações de cunho socialista. Tomamos informações na oficina de turismo que fica na praça principal e onde acontecia a Feria Regional Plaza Pagano, que exploramos de ponta a ponta. Muito parecida com o brique da Redenção, mas maior, com artesanato, frutas frescas, geleias, comidas. Muito colorida. Para variar, encontramos uma família de alunos do Americano - os amigos Pietro e Enzo Paglioli e sua mãe (o pai havia ficado no carro), que estavam descendo a ruta 40 rumo a Ushuaia. Almoçamos num restaurante perto da praça e procuramos uma pousada, que acabou sendo uma cabana chamada Mai Hue, para os 8, na cidade mesmo, bem em conta. Nos instalamos, atualizamos as notícias, com o acesso à internet, enquanto o Ricardo foi a uma loja de bicicletas para arrumar a correia e a uma agência de turismo tomar informações; a Débora pedalou até uma lavanderia para saber preços e horários; o Cascata deu um banho nas bicis. Foi uma parada boa e estratégica após tantos dias de poeira. Mais tarde a Bruna, Cascata e Artur foram de bici levar as roupas para lavar e no mercado. Preparamos "rap 10" à noite depois de matear admirando a cordilheira e o pico Piltriquitron com os parapentes, desde o gramado da pousada, rodeado de rosas lindas.

Dia 25 de janeiro, quarta-feira
Subimos o Piltriquitron, maior e principal montanha que faz um paredão junto à cidade. Novamente muita poeira. O dia estava lindo, ensolarado e muito quente, muitos mochileiros subiam a pé pela longa estrada. Fomos de carro até mais da metade da montanha. A trilha na beira da montanha tem subidas um tanto fortes, mas bem possíveis de se fazer, havia uma senhora idosa subindo, um casal com bebê também. Como El Bolson fica entre duas cordilheiras, avistávamos lá embaixo a cidade no vale verdinho e à frente outra cadeia de montanhas, mais árida. De tirar o fôlego de tão bonito! O principal atrativo da montanha é o Bosque Tallado, onde houve um incêndio há anos atrás e um escultor/ artesão da cidade teve a ideia de aproveitar os troncos e pedaços de madeira que sobraram para fazer esculturas no local. É um conjunto de obras bem grande, de diversos artistas, inclusive uma brasileira, que vieram desde 1998, para deixar trabalhos seus no bosque sobre a montanha. Outro atrativo do Piltriquitron é continuar até o refúgio de montanha, destino dos mochileiros que subiam e montavam suas barracas no local de vista privilegiadíssima. Lá em cima, no refúgio, o Cascata pediu uma cerveja artesanal (quem tomou achou horrível). Depois, do patamar do estacionamento, ainda assistimos a saída dos pilotos de parapentes, espetáculo lindo e colorido, emoldurado pelas montanhas. Como nos disseraram, chegam a 3.800m de altitude. Descemos a montanha e fomos até a cidade vizinha de El Hoyo, capital da fruta fina (as framboesas e amoras continuam sendo a moldura da estrada). Cascata e Ricardo resolveram pedalar desde quando saímos do asfalto até o lago Epuyén, pensando que seria praticamente só descida. Pelo contrário, o caminho era longo, poeirento, e só de subidas no primeiro trecho. As descidas foram a menor parte. Foi um esforço e tanto, mas a equipe de apoio andava por perto e em uma das vezes que ofereceu socorro o Cascata aceitou. Já o Ricardo, foi até o destino final! Dois carros, neste caminho, superaqueceram, tais eram as subidas. O Lago Epuyén é bastante grande, tem um camping bonito e arborizado. A água do lago, como em todos os outros, é fria, mas bastante gente descansava junto a ele, algumas crianças se banhavam, um ou dois corajosos nadavam. Havia SUP e caiaques para alugar. Os jovens e seus pais andaram de caiaques, as meninas, o Artur e o Ricardo se animaram a mergulhar após remarem. Ao voltarmos para a cabana, passamos no supermercado e na lavanderia para buscar a roupa. À noite o churrasqueiro chefe preparou um maravilhoso cordeiro assado no chulengo (tonel com grade e chaminé) e batatas assadas. Tivemos também saladas. Foi uma janta especial.

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