sábado, 20 de julho de 2013

Ibicoara e Mucugê

dia 19 de julho de 2013, sexta-feira
O maravilhoso café da manhã nos preparou para a viagem de mais ou menos 150 km até Ibicoara, cidade mais ao sul que visitaríamos na Chapada Diamantina. O maior trecho foi em asfalto, estrada muito boa. Na entrada de Ibicoara já encontramos algumas agências de guias e contratamos um que nos levou à Cachoeira do Buracão. Não tivemos muita sorte com o guia, que era bastante calado e apenas respondia nossas perguntas, mas de qualquer forma precisaríamos de um guia, é regra do local. O preço do serviço foi de R$25,00 por pessoa. Pagamos mais R$3,00 por pessoa para acesso no parque. Do centro da cidade até onde inicia a trilha, foram 30km de carro em uma estrada tão ruim que levou 1 hora e meia de solavancos - e os unos aguentaram bem, nossas colunas que sofreram. Atravessamos um riozinho (sem ponte, por dentro da água mesmo), passamos por uma comunidade de plantação de cana e produção de aguardente, outra de plantação de café. Os cafés da região, aliás, são bastante famosos, acabamos comprando alguns tipos para provar e também para presentear.

O dia estava ensolarado e muito quente. Iniciamos a caminhada passando por um córrego de águas limpas, mas escuras, como em quase todos os casos da Chapada, a vegetação dá uma cor de chá preto aos rios e cachoeiras. A trilha de 3 km (para ida e mais 3km de volta), não foi  muito puxada, mas o calor dobra o cansaço. Caminhando entre pedras e cactos, areia e vegetação seca,  chegamos a umas cachoeiras bonitas e depois, descemos um grande penhasco, entre escadarias de madeira e rochas, para acessar o tal Buracão por baixo. A Cachoeira do Buracão tem 85 metros de altura, num canyon fechado, é realmente um buraco.  Para vê-la de baixo, é preciso muuuuita coragem - nadando (com colete salva-vidas) pelo rio gelado (temperatura freezer mesmo, acho que foi a água mais gelada em que já nadamos), entre paredões e contra a corrente, chega-se ao grande poço, onde cai a cachoeira. O vento forte acaba gerando um chuvisqueiro intenso e o barulho da água no poço é bem forte. Esta é uma das maiores e mais impressionantes atrações de toda a Chapada, algo espetacular. Muitos turistas, a maioria gurizada, iam até lá. Apreciamos a beleza da queda d'água de vários ângulos e depois voltamos pelo canyon, nadando no rio gelado. No meio da trilha de retorno ainda houve tempo para mais um banho refrescante em umas cachoeirinhas menores.

Já de volta à cidadezinha de Ibicoara fomos a um mercado comprar cafés e tomar sucos. Retornamos pelo asfalto até Mucugê e pudemos ver vários círculos férteis de pivôs de irrigação junto à Barragem do Apertado. Este sistema transformou a região em grande centro agrícola, por isso facilmente as pousadas e restaurantes oferecem frutas e legumes de qualidade e fresquinhos. As temperaturas mais baixas à noite, em função da altitude, de até 900 msnm possibilitam, inclusive, a produção de maçãs.

Chegamos à Pousada Monte Azul em Mucugê já à noitinha.  Foi em Mucugê que o primeiro diamante foi achado, em 1844, iniciando uma corrida que duraria pouco mais de 25 anos. Ficamos muito bem acomodados em dois quartos quádruplos, na bonita e espaçosa pousada. A vista dos fundos dava diretamente para o famoso cemitério bizantino, um pouco retirado da cidade, todo pintado de branco e iluminado, ao pé de um monte escarpado. O cemitério Santa Izabel é pitoresco e tem o estilo bizantino por ter sido construído por turcos que moravam na cidade na época da exploração do diamante. Já foi cenário de alguns filmes, o último e mais conhecido, "Abril Despedaçado", de Walter Salles. Depois do banho caminhamos pelo centro histórico, tombado pelo IPHAN (assim como o cemitério), ainda com alguma decoração colorida das festas juninas pelas casas. Tudo muito calmo, pracinhas bem floridas, agradável e bacana! Jantamos no restaurante Sabor e Arte, que tem o cardápio mais variado da Chapada (segundo a dona e o guia Quatro Rodas).  A comida foi excelente, alguns comeram carne de sol - sempre boa, em qualquer lugar - as vegetarianas Clara e Cati foram de lasanha quatro queijos e todos ficaram bem satisfeitos.

Dia 20 de julho de 2013, sábado

O café da manhã da Pousada Monte Azul mereceria um capítulo à parte, mas vou resumir, contando apenas o principal: quiches de quatro queijos ou de tomate, cebola e manjericão; os tradicionais aipim e banana cozidos, banana frita, cuscuz, mingau de milho, tapioca, pães, suco, etc, etc. A pousada estava cheia. Bem, depois desta gastronomia, seguimos viagem rumo ao Vale do Capão, mas antes ainda passeamos pelo centro até a igreja Sta Izabel, que estava em reformas, e conhecemos o bem organizado Projeto Sempre Viva, que fica na estrada, a poucos quilômetros da cidade.

O Projeto é um centro de pesquisa e de preservação da florzinha sempre viva, espécie que foi muito comercializada, inclusive exportada em função da durabilidade de seus arranjos e agora está protegida por leis ambientais. As instalações são bem bonitas, acompanham a rusticidade do ambiente, feitas com pedras, ficam camufladas nas pequenas colinas e na vegetação arbustiva. Há uma grande sala de exposição, com painéis explicativos, buquês das várias espécies da flor, que foram apreendidos e também objetos alusivos ao garimpo na região. Nos fundos há a cachoeira Piabinha, onde o Ricardo, a Luísa, o Artur e o Santi não perderam a oportunidade de se banhar, mais uma vez. Poderíamos ter ido ainda a outras cachoeiras, com uma caminhada a mais pela propriedade do Projeto, mas o pessoal ficou satisfeito com este banho. Também não fomos ao Museu do Garimpo, ao qual o mesmo ingresso do Projeto Sempre Viva dava direito, por considerarmos que havíamos tido informação suficiente a respeito.

Queríamos pegar o quanto antes a estrada para Palmeiras, ou melhor, o Vale do Capão, que é toda de terra. Foram em torno de 90 km de muita poeira,  mas, em geral, uma estrada boa para trafegar. A cor da terra, seca, variava do branco ao vermelho e vislumbramos, por quase todo o caminho a encosta da Serra do Sincorá, que forma a Chapada Diamantina. Paramos para fazer algumas fotos da impressionante vista dos paredões que se estendiam à nossa direita e da vegetação de caatinga. Fizemos uma outra parada na única comunidade deste trajeto, a pequena Guiné, onde lanchamos. Guiné é um dos possíveis pontos de partida para atravessar o Vale do Pati - o mais famoso roteiro de caminhadas da Chapada e, segundo alguns, o mais bonito do Brasil.  Apesar disto, não vimos qualquer turista, apenas poucos nativos e a vila estava praticamente parada, mesmo sendo sábado à tarde.

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