sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Angra dos Reis e Baía de Paraty

Dia 05/01/16, terça
O encontro dos Heineck Neves com os Hess Prisco estava marcado para às 7h no Graal da Free Way. Às 8h estávamos na estrada, em direção ao Rio de Janeiro, abastecidos de víveres e produtos para os 7 dias que passaríamos a bordo de um veleiro. Muito movimento, vários argentinos chegando para aproveitar o verão neste Brasil maravilhoso. Almoçamos depois de Florianópolis e passamos um lindo trecho de serra bastante verde e repleta de manacás floridos ao entrar no Paraná. Dormimos em Registro/SP, no Hotel Gran Valle, uma acomodação bastante simples, mas confortável, onde jantamos e tomamos, no dia seguinte, um bom café da manhã.


Dia 06/01/16, quarta
Acordamos cedo para aproveitar o dia de viagem e chegar até às 15h em Angra, pois, segundo combinado, estando até este horário na Marina Bracuhy poderíamos, ainda, dormir no veleiro. Na estrada, alguns trechos de muito trânsito pesado, caminhões, em geral, andando lentamente na estrada movimentada. Perto de São Paulo ficamos atentos à saída do rodoanel para a BR 116 e depois, já no RJ, pegamos a estrada para Angra, muito sinuosa, que passa por uma região rural com lugarejos bonitos, é bem estreita em alguns pontos e tem 3 túneis escavados na rocha. Desde Porto Alegre até aqui, penso que pagamos uns R$100,00 em pedágios para cada carro!!!! Conseguimos chegar à Marina antes das 15h e, mesmo assim, não foi possível dormir no veleiro já que era feriado municipal - óbvio - Dia de Reis, e a moça da empresa havia esquecido disto quando confirmou nosso charter!! Passaríamos, então, a noite na pousada da Sailabout e amanhã, às 12h, estaríamos entrando no barco. Conhecemos a casa/pousada/atracadouro da empresa Sailabout que fica a 20 km do centro e, na tarde quente do litoral carioca, fomos ao shopping Piratas, no centro, para almoçar e comprar os itens perecíveis do nosso rancho no supermercado Zona Sul. Muita gente atracava ali e fazia compras para levar para sua embarcação. Neste shopping também fica uma marina e o atracadouro público da cidade, que alguns dias depois seria palco de nossa maior prova de habilidades náuticas, como será relatado....Depois de ver a paisagem do centro de Angra, com sua aparência de grande favela rodeada pela paisagem linda, voltamos à Marina Bracuhy por outra estrada, a partir do Colégio Naval, costeando as praias, com muita vegetação fechada, várias propriedades particulares, resorts e pousadas que impediam a vista do mar por muitos quilômetros. À noite, depois de instalados na espaçosa casa grande da pousada, fomos comer uma pizza num pequeno e simples restaurante da própria marina, que na verdade, é cercada de um grande condomínio, com muitas ruas e conserva até a ruína de um grande engenho. Tudo muito agradável para caminhadas e passeios olhando os inúmeros veleiros e iates, vários bastante luxuosos!


Dia 07/01/16, quinta
O café da manhã com vista para o canal e em frente aos veleiros foi excelente e incluiu pães de queijo quentinhos!!!! A Renata, proprietária da Sailabout, nos deu sugestão de roteiro a fazer de barco, alertou para evitar de comprar comida nas ilhas ou locais em que ficaríamos, onde tudo é mais caro. Também fomos apresentados ao Augusto, um capitão argentino, que seria nosso skipper por 3 dias. Carregamos nossas bagagens e rancho e rapidamente nos familiarizamos com o Caju Amigo, um Bavaria Cruiser 45 pés, fabricação alemã, muito bem acabado com 2 camarotes ("suítes") e 2 cabines com banheiro compartilhado. As duas geladeirinhas de tamanho razoável eram suficientes para acomodar nossos mantimentos refrigerados. O fogão de 2 bocas, com forno, também se revelou bem eficiente ao longo dos dias. Na mesa de navegação, além do rádio e outras aparelhagens, havia uma TV bem boa, que quase não usamos. O skipper dormiria na sala, ou, como aconteceu também, no cockpit, onde era mais fresquinho, já que na sala, ao contrário dos quartos, não havia ventilador. Augusto nos deu algumas informações a respeito da embarcação, falou da óbvia economia de água potável a bordo e em seguida, saímos lentamente do canal artificial da Marina Bracuhy olhando as casas, iates, lanchas e veleiros dos dois lados, até chegarmos no oceano e durante todo o trajeto até a Ilha da Gipoia, víamos as montanhas verdes que cercam a baía. Já neste primeiro dia, conseguimos abrir as velas e aproveitar para viajar em silêncio, sem motor, por quase todo o trajeto de 3 horas, em função dos contraventos. Augusto ia dando as instruções para a tripulação, que em sua maioria era bastante inexperiente, e ensinando sobre as características da baía de Angra. O Cascata, que foi nosso comandante, e a Bruna, eram os únicos com curso de arrais amador. Até o final da semana estaríamos bem mais acostumados com termos como orçar, aproar, escota, genoa, garrar etc. Todos entravam no trabalho de levantar velas, puxar e travar cabos, soltar âncora, menos a Débora, que estava de munhequeira e havia tirado o gesso do braço esquerdo há 3 dias. Após percebermos que a praia do Dentista, na ilha da Gipoia, estava muito cheia de lanchas e iates, seguimos para a baía de Sítio Forte, praia da Tapera, já na Ilha Grande, onde fundeamos. Alguns nadando, outros de bote a remo, fomos para a praia, onde comemos umas porções de iscas de peixe num barzinho e aproveitamos o banho de mar maravilhoso, com água quentinha. Para a janta, cozinhamos massa com frango e pimentão, que estava muito saborosa.


Dia 08/01/16, sexta

À noite dentro do veleiro é bastante quente, tivemos que deixar todas as "gaiutas" abertas e ligar os ventiladores. Felizmente não havia mosquitos, exatamente como o Augusto nos tinha informado, na Ilha Grande! O café da manhã foi bem sortido, tínhamos granola, iogurte, pão, queijo e presunto, frutas, leite, sucos, café, Nescau etc. Levantamos âncora e rumamos para a praia do Pouso, passando pela famosa Lagoa Azul, point de turismo na Ilha Grande - e também da "farofa" , como será relatado a seguir. Ancoramos na praia do Pouso, de água gelada, para, a partir dali, caminhar até a única praia de ondas que iríamos na viagem e, por ser em mar aberto, não poderíamos ir com o veleiro. Meia hora de caminhada por uma trilha, vendo macaquinhos e esquilos, subindo e descendo um morro, tivemos acesso à linda praia de Lopes Mendes, de mar muito limpo, faixa larga de areia branquinha, ondas grandes, boas para pegar jacaré. Havia muitos turistas, especialmente jovens argentinos e tinha até posto de salva vidas. A temperatura da água era ideal - fresquinha, convidativa. Segundo o Augusto, esta praia foi considerada uma das 5 mais bonitas do Brasil em algum ranking. Comparando com nossa experiência anterior de férias em um veleiro, as paisagens deste canto do mundo são muito diferentes de Los Roques. O mar aqui é verde esmeralda com paisagens de muita serra e mata atlântica e não aquela água azulzinha com areias brancas e pouquíssima vegetação lá da Venezuela, mas, tudo é maravilhoso também. Aproveitamos por uma parte da tarde a praia de ondas e retornamos ao veleiro para fundear no local de dormir à noite - sempre procurando baías bem abrigadas do vento para evitar surpresas. Conforme estava previsto, dormimos no Abraão, a maior vila da Ilha Grande, onde ficamos meio longe da praia devido ao grande número de embarcações e, por isso, contratamos um táxi boat para nos levar e trazer à praia de noite (esse pessoal se aproveita destas oportunidades, pagamos caro para poucos minutos de motor até o trapiche). Caminhamos pelas ruelas para conhecer a vila, olhamos o comércio, compramos alguns itens no mercado - havia bastante fila em alguns deles, vimos a igrejinha. Na ruazinha da beira mar estava 100% da frota de carros da ilha (o carro de bombeiros, da polícia e a ambulância ha ha). Jantamos ótimos pratos num dos bons e agradáveis restaurante na areia, com ótima música ao vivo. O Cascata e o Ricardo dividiram uma caldeirada de frutos do mar. A Sailabout enviou, por uma lancha, até a vila, a churrasqueirinha que alugamos e esqueceram de colocar no barco ao sairmos do Bracuhy, então, o Augusto foi buscá-la e, quando voltamos da vila, já estava instalada. Comemos, de sobremesa, já a bordo, um pavê de café e doce de leite, feito pela Débora e a Luísa.


Dia 09/01/16, sábado
Alguns disputaram espaço para dormir "na rua", aproveitando a brisa do mar e evitando o calor interno no veleiro. Levantamos âncora após o café da manhã, que teve ovos mexidos, feitos pelo Cascata e velejamos por lindos lugares quase sozinhos, como no Saco do Céu, que tem esse nome porque em noites claras reflete todo o firmamento na água que é paradinha naquela enseada bem fechada. Após esse passeio, o próximo rumo do dia revelou-se uma furada - deixar o skipper no atracadouro público de Angra, junto ao Shopping Piratas, como ele nos solicitou. Fomos até lá, velejando, por umas 2 horas (deveríamos tê-lo enviado de transporte, que era barato e não perderíamos tanto tempo do nosso o dia). Chegando lá, o stress foi grande, o atracadouro estava lotado, como em qualquer sábado na marina central de Angra dos Reis, o diesel era caro, não tinha água para abastecer no posto. O nosso skipper se desentendeu com um marinheiro que mantinha seu enorme iate entre duas vagas, impedindo que atracássemos. Depois de umas trocas de xingamentos (vergonha alheia) entre eles e com o timoneiro Cascata cada vez mais borrado de medo em função do pouquíssimo espaço para manobras e dos caríssimos iates e veleiros ao redor, conseguimos, finalmente parar o barco paralelamente ao cais, descarregar o lixo e achar uma torneira para colocar água potável.Rosto enrubescido Na verdade, poderíamos ter feito tudo isso em outro lugar, sem toda essa tensão, já que não era urgente abastecer - nem de água, nem diesel. Despedimo-nos do Augusto, que elogiou a capacidade do Cascata e deu as dicas de como sair dali, manobrando para voltar pelo canal apertadinho. Foi tenso! Rosto com suor frio Seguimos para a praia do Bananal, novamente na Ilha Grande, para mergulhar (nada de elementos marinhos diferentes em relação ao snorkell em Bombinhas) e tomar um banho muito bom de mar. Como em outras viagens, raramente almoçamos, para aproveitar o dia. Então, os petiscos davam conta da fome durante o dia e deixamos para fazer uma refeição mais demorada à noite. Planejamos dormir na Lagoa Azul, onde chegamos à tardinha e havia mais um monte de embarcações disputando o espaço físico e sonoro. Era música, festa, jet ski, lancha, iate. Resolvemos apostar que o pessoal iria embora, mas alguns ficaram fazendo festa ainda até mais tarde. Alheios a essa bagunça, preparamos nossa, talvez, melhor janta. O alegretense do grupo inaugurou a churrasqueirinha fazendo umas picanhas maravilhosas. Teve também farofa, "7 grãos Ritto", salada de batata com alcaparras e cebola. Hummm... delícia, churrasqueira aprovada! Na madrugada pegamos nosso primeiro temporal embarcados, realmente era um dia de provas para a tripulação sem o skipper. O Cascata ficou bastante atento por várias horas, preocupado com o fundeio, já que o vento virou e o veleiro "andou" bastante, mas acabou tudo bem, apesar de sermos jogados mais para os lados, derramar muita água pelo cockpit e relampejar muito. A Mônica foi companheira durante a jornada na madrugada e o Ricardo foi chamado para dar apoio moral.

Dia 10/01/16, domingo
Amanhecemos sozinhos naquele paraíso! Fundeamos mais perto do local de mergulho para avistar a vida marinha. A visibilidade para o snorkell é ótima. Logo chegaram iates e, depois, escunas, lotadas! Muitas pessoas em cada uma delas. Uma loucura, era gente se jogando de "espagueti", criança pulando sozinha, axé a milhão numa escuna, sertaneja noutra...se pelo menos combinassem a música... ha ha. Às 11h já eram mais de 6 escunas além dos iates, lanchas e do bar flutuante que atendia pelo rádio e fazia entregas a bordo! Já estava ficando perigoso nadar entre as lanchas que chegavam e saíam e, quando uma escuna jogou a âncora quase na cabeça do Cascata e bem em cima dos corais, decidimos seguir viagem. Navegamos umas 5h até a Baía de Paraty. Foi nosso maior trecho, um pouco a motor e um pouco a vela, todos se envolviam caçando a genoa e a mestra, puxando e enrolando cabos, cuidando possíveis lajes não sinalizadas. Velejamos bem longe da costa, avistando o que parecia ser a Usina de Angra - confirmada por binóculos, cruzando bem de perto os enormes petroleiros e, eventualmente algum pesqueiro. Algumas gaivotas nos acompanharam. Entramos na baía de Jurumirim, já perto de Paraty, onde pretendíamos dormir, mas vários veleiros tiveram a mesma ideia...então, na praia do Engenho, logo ao lado, conseguimos fundear perto do pequeno e singelo trapiche de um barzinho solitário até onde fomos de bote parra comer umas iscas de peixe e tomar umas cervejas e refrigerantes intercalados com um banho de mar excelente! Uma tranquilidade e uma paz o lugar! Para a janta tivemos massa com brócolis e atum, que o Cascata cozinhou.Tudo muito bom. Aqui perto de Paraty sentimos algumas picadas de mosquito e tivemos de usar repelente, diferente da Ilha Grande, onde, realmente, não foi necessário.

Dia 11/01/16, segunda
Saímos da enseada em que dormimos para abastecer perto de Paraty. Passamos bem ao lado do famoso veleiro "Paratii 2", todo de alumínio, muito lindo e grande, do Amyr Klink. Com a maré muito baixa, a manobra foi delicada, mas deu tudo certo - descarregamos lixos, colocamos diesel e água potável nos tanques. Em seguida, passamos em frente ao cais de Paraty, vendo as igrejinhas e o casario branco de aberturas coloridas, tudo com muito cuidado para não encalhar. Depois, seguimos para o canal de Mamanguá, com seus fiordes . Segue um trecho do site do Mamanguá Beach Hostel, que descreve muito bem o lugar: "...é uma entrada de mar  que se estende por 8km e termina num preservado manguezal com rios,  cachoeiras.Por ser uma área bastante protegida, as águas são muito calmas – parece uma lagoa! – com algumas ilhas e muitos pescadores. Canoas são o meio de transporte mais utilizado pelos caiçaras, população tradicional da região, e por todos que visitam esse paraíso.Por ter apenas 2km de largura entre uma margem e outra, o Mamanguá é considerado o único fiorde brasileiro e um dos lugares mais intocados pelo homem." A paisagem é linda, um braço de mar entre enormes montanhas com vegetação fechada. Eventualmente, alguma casa bonita, pousada, hotelzinho era avistado entre árvores, em geral, com arquitetura que se integrava perfeitamente ao ambiente natural e camuflava a intervenção humana na natureza. Numa das poucas faixas de areia vimos o Mamanguá Eco Resort, de onde saíam alguns hóspedes em caiaques ou SUP. Como chovia eventualmente, neste dia não ficamos muito na água e paramos para almojantar num restaurante caseiro, que nem tinha placa, nenhuma propaganda  - avistamos com o binóculo umas mesinhas junto a uma casa pendurada na encosta do morro e resolvemos nos aproximar para confirmar se serviam comida. Foi uma refeição farta, barata e excelente, com muito peixe, arroz, feijão, salada, batatas fritas. O Cascata aproveitou o tempo de preparo da comida para papear com o sr que reside na casa, morador do Saco de Mamanguá durante toda sua vida. O Ricardo foi fazer umas fotos dos barcos, das redes de pesca, das coisas pitorescas do lugar. Fundeamos na ilha da Cotia, com vários outros veleiros. De todos os lugares em que dormimos, este foi o lugar que menos balançou o veleiro à noite.

Dia. 12/01/16, terça
Parabéns à vó Laurette Prisco e ao vô João Neves!
Para o café da manhã preparamos tapiocas personalizadas, salgadas e doces (inclusive banana com doce de leite), de acordo com o gosto de cada tripulante. Velejamos uma hora até a Ilha do Cedro, que já fica na rota de volta à Angra. Dormiríamos nesta ilha. O local era bem perto do continente, podíamos ver a BR 101 ao longe. Fundeamos em frente a uma prainha convidativa e nos instalamos nas mesas de um barzinho bem abrigado por lindos "sombreiros" - árvores com suas largas folhas verdes. Este local é bem procurado por conta do fácil acesso. Chegaram algumas lanchinhas trazendo famílias que aproveitaram o dia por ali também. Havia tranquilidade para que as crianças aproveitassem, já que a baía era bem protegida e a água bem parada. Comemos iscas de lula, aipim e batatas fritas com cervejas e refrigerantes prá não perder o costume, mas, além disto, neste local tivemos de provar o famoso e muito indicado drinque "Astronauta", que segundo informado no cardápio, se não gostar não paga! Realmente todos gostaram. O Astronauta leva limão, maracujá com sementes, muito gelo e não muita cachaça - acho que é isso...a receita não é divulgada kkk. Foi um lugarzinho especial, banho maravilhoso, tranquilidade. A gurizada fez SUP, explorou umas pedras na beira do mar e o Cascata negociou 3kg de camarão "sete barbas"gigante (R$ 65,00 / kg) com o pescador local que fornecia peixes para os dois barzinhos daquela praia, a ideia de fazer na brasa foi adiada em função da chuva intermitente que começou no início da noite e seguiu. Então, jantamos arroz com 7 cereais e molho bolonhesa picante, saladas variadas preparadas pelo Ricardo, com auxílio do Artur.


Dia 13/01/16, quarta
Acabamos com praticamente todos os itens de café da manhã, já que estávamos em ritmo de finalizar os mantimentos, especialmente os perecíveis. Navegamos rumo norte, nos aproximando do ponto onde deveríamos entregar o veleiro. Desta vez, nossa rota foi mais próxima do litoral e pudemos ver, bem de perto (ou tanto quanto o permitido a uma embarcação se aproximar), a usina de Angra. Fundeamos na baía da praia do Dentista, ilha da Gipoia, mas não foi um bom lugar para aproveitar o dia. Logo que chegamos, uma lanchinha já nos trouxe o cardápio do bar flutuante que atendia por um canal de rádio. Os preços altíssimos, totalmente fora do que estávamos acostumados a pagar nos bares das prainhas mais retiradas. Mesmo sendo dia de semana, pela proximidade de Angra, chegavam muitos iates e lanchas, jet ski, uma escuna, cada qual com seu barulho e alguns oferecendo perigo ao circular entre as pessoas nadando...o pessoal assava churrasco nos barcos, bebia espumante em taças, boiando ao redor dos iates, poucos iam até a praia, que não tinha nenhuma infraestrutura de barzinho, nenhum guarda sol, nada. O negócio ali era ficar nos iates mesmo, sendo que um deles chamava muito a atenção pelo tamanho, era enorme, pintado de cinza - apelidamos de iate do Batman pelo estilo. À tardinha foram indo embora e deu para nadarmos livremente, praticar SUP, a água era tão transparente quanto à da Lagoa Azul. Na tranquilidade, o Ricardo pôs a churrasqueirinha do veleiro a funcionar novamente: assou os camarões, que comemos com muito limão e ervas. A Mônica, que não gosta, ficou na bolachinha salgada Rosto Neutro. Mais tarde, preparamos Rap 10, com recheios variados, inclusive os camarões assados. À noite choveu bastante. Em toda a viagem, não vimos a Lua! Em geral o céu esteve nublado, algumas vezes vimos as estrelas.


Dia 14/01/16, quinta
Somente nós amanhecemos na baía da praia do Dentista. Um grande iate ficou desde a tarde em festa, mas foi embora de madrugada. Lembramos durante toda a noite que dormíamos num barco, pois o balanço de ondas foi constante. A sensação de paraíso particular nestes lugares, à noite, ou ao acordar, pela manhã, é maravilhosa. Choveu bastante à noite e continuou chovendo toda a manhã. Ao longe a paisagem era uma névoa esbranquiçada em que o céu e o mar se confundiam. Após o chimarrão matinal e o café batido com bolachas, que era o que sobrava da semana (aliás, os cálculos de mantimentos foram muito eficientes), arrumamos as bagagens e iniciamos o retorno para o continente a fim de entregar o Caju Amigo. Parecia incrível, mas não havíamos afundado e o entregaríamos sem um arranhão. Às 10h atracamos em segurança no deck da Sailabout, onde os funcionários aguardavam para nos auxiliar a colocar as amarras e descer as mochilas. Tudo revisado, acertamos os últimos detalhes e pagamento de combustível consumido com a Renata. Saímos pela Rio-Santos exatamente às 11h, alguns ainda com sensação de estar balançando num barco. Desta vez, vimos a usina atômica de cima, pela BR 101, bem como alguns pontos perto de Paraty que tínhamos visto de outro ângulo - de dentro do mar. Almoçamos uma comidinha caseira na beira da estrada. Subimos a Serra do Mar em Ubatuba, admirando, mais uma vez, as flores roxas, lilases e brancas dos manacás em boa parte do percurso. Jantamos/lanchamos num Graal em Registro, onde dormimos, mais uma vez, no Hotel Gran Valle, depois de uma viagem boa, com um trecho muito engarrafado na Régis Bittencourt, perto de Miracatu.

Dia 15/01/16, sexta
Saímos às 6h30 para aproveitar bem o dia para fazer os quase 1000 km que nos separavam de Porto Alegre. O dia amanheceu nublado e pelas 9h vimos o sol. Neste horário já havia trânsito pesado de caminhões. O grupo separou-se na Pinheira, onde os Hess Prisco entraram para deixar a Bruna. Mais uma viagem bem sucedida e que deixa ótimas lembranças, fotos lindas e reforça os laços de amizade.

Resumindo, o melhor de "morar" uns dias num veleiro:
pular na água do mar a qualquer hora - antes do café da manhã, antes de dormir...
ter tempo para por as leituras em dia
tomar mate e conversar no convés
observar a natureza sempre
não precisar colocar roupas arrumadas
tomar banho de chuveiro olhando pela janela o mar bem ali fora
acordar e dormir olhando o mar pela janela (gaiuta)
ser os primeiros e, algumas vezes, únicos, em uma praia maravilhosa
estar num local totalmente silencioso
evitar o trânsito de carros, caminhões, pedestres.

Já para morar mesmo num barco, acho que a maioria de nós não se acostumaria, mas para umas férias, é perfeito!

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